18 de jan. de 2011

Espaço anônimo ;

     E se por um momento tua vida deixares de ser tua para pertencer a outro alguém? Se por um momento fosse possível ver-te em carne, longe de reflexos e ao alcance de teu próprio toque... O que farias então? Como desejas teu amante, como esperas alcançar teus objetivos, qual caminho estás a escolher – tudo a ser visado por fora. Não saberás o que há em mente ou espírito, e deixarás de te preocupar com aquele corpo. 
     É madrugada, está a chover. O corpo que não sente o vento, mas sente a melodia pôs-se a sangrar ao desejar um complemento. Não se faz poesia da mais profunda felicidade, mas arranca-se do mais profundo desejo e desespero. A harmonia do vento e das gotas de água a encontrar as folhas das árvores, as pétalas das flores que se fecham à Lua. É mais do que palavras tem a capacidade de descrever e então por que tentar? 
     Como se em um mundo onde há a coragem de desejar a desunião de um amor alguém pudesse ver beleza em uma simples libélula. Envenenastes Romeu ao negar a mais desesperada poesia de seu pulsante coração, esfaqueastes Julieta por perdão, e paixão de ambos assombra o mundo por nunca serem aceitos como amantes. Sabes quando será teu último beijo? Talvez último abraço, último tocar com as mãos o rosto de um amigo, um pai, um amante. Deixe teus sentimentos te vestirem a pele e os olhos; não negues a benção que estão a lhe oferecer, porém esteja preparado para a maldição a cair sobre tua cabeça – um feitiço em desfavor a uma honra.

Texto por @Tettymuniz
Palavras não se julgam e nem se fazem julgar, mais esse texto é um dos melhores que eu já li.

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